domingo, 6 de novembro de 2016

Após três anos, só 1% da Linha Leste do metrô de Fortaleza está pronto

06/11/2016 - O Globo

Maior edital de licitação já feito no país, construção está parada
   
POR DANILO FARIELLO / JÚNIA GAMA* 

Abrigo de “tatuzão”. O equipamento comprado pelo governo estadual para a Linha Leste do metrô não chegou a ser montado e hoje está abandonado no Centro de Fortaleza. Custo de manutenção do “tatuzão” seria de R$ 1 milhão por mês - Jarbas Oliveira / Agência O Globo

BRASÍLIA e FORTALEZA - Os assaltos corriqueiros e a poeira nos arredores do Colégio Militar de Fortaleza são um retrato do abandono da maior obra regida pela Lei de Licitações: o metrô da capital cearense. O que deveria ser uma estação de transporte público moderna, rodeada de comércio na região nobre da cidade, tornou-se ponto de consumo de drogas e abrigo informal de moradores de rua. Eles ocuparam o espaço em torno dos tapumes que escondem o material deteriorado da obra. O caminho do metrô foi sendo ocupado pela urbanização da cidade de Fortaleza.

Há três anos, o maior edital regido pela Lei de Licitações foi vencido por um consórcio formado pela espanhola Acciona e pela paulista Cetenco, que assumiram a construção da Linha Leste do metrô de Fortaleza por R$ 2,3 bilhões. A três anos da data original de entrega, pouco mais de 1% da obra foi feito, e o empreendimento parou numa espiral de complicações.

Um dos emblemas do fracasso da empreitada é a imagem dos quatro “tatuzões” adquiridos pelo governo do Ceará. O equipamento serviria para escavar túneis do metrô, mas não passa de um aglomerado de toneladas de peças de metal abandonadas, à espera de definição sobre o contrato.

A situação revela a megalomania empreendedora que tomou conta do país até o estouro da crise econômica. A compra dos “tatuzões” pelo governo cearense — em geral, eles são alugados para obras pontuais de perfuração — é justificada pelos aliados do então governador e mentor da empreitada, Cid Gomes, como estratégia “estatizante” do passado. A ideia, segundo auxiliares, era que a construção do metrô fosse política permanente do governo do estado. Ter tuneladoras (nome formal dos “tatuzões”) significaria facilitar a ampliação contínua das linhas do transporte coletivo pela cidade.

DECISÃO POLÊMICA

Procurado, o ex-governador não quis comentar o assunto. Mas os aliados dos irmãos Ferreira Gomes admitem a frustração com a paralisação das obras e o custo de manutenção do equipamento.

— Não é normal um governo comprar esse equipamento. A ideia era boa, justificava a compra dos “tatuzões”. Mas acabou significando prejuízo ao governo. Só para guardar esse equipamento seria coisa de R$ 1 milhão por mês. E não tem mercado para vender, nem para alugar. Enquanto isso, eles vão se deteriorando — reconhece um aliado de Cid Gomes.

Governos estadual e federal, que se associaram na obra do PAC Mobilidade Grandes Cidades, sequer concluíram os primeiros túneis da licitação. Com a interrupção de pagamentos para a obra em agosto de 2014, começou o calvário das vencedoras da licitação. A Cetenco alega ter recorrido administrativamente e na Justiça para receber pelos serviços feitos — segundo ela, ainda em dívida —, até que enviou informação à sócia Acciona e à Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) do Ceará dizendo que queria deixar o consórcio.

Segundo o governo cearense, a interrupção dos pagamentos se deu porque a Cetenco judicializou o processo, e a reformulação do consórcio ocorreu por causa da desistência da empresa paulista, que não foi corroborada pela outra empresa do consórcio, a Acciona.

“Como a legislação brasileira não permite que empresas estrangeiras toquem obras públicas isoladamente, deu-se um prazo para que fosse prospectada uma outra empresa para compor o consórcio”, explicou a Seinfra.

Numa decisão polêmica, em novembro de 2015, a construtora cearense Marquise, que fez parte do consórcio que ficou em segundo lugar na licitação, assumiu o contrato ao lado da Acciona. A mudança foi alvo de questionamentos pela forma como ocorreu e pelo fato de a empresa ter feito doações a campanhas de aliados dos irmãos Ciro e Cid Gomes no Ceará, inclusive ao PSB no estado, partido ao qual os Gomes eram filiados até meados de 2013.

Agentes do Ministério Público Federal criticaram a substituição, mas o Tribunal de Contas da União (TCU) foi favorável. O Tribunal opina sobre a obra uma vez que, do total do orçamento, R$ 2 bilhões sairiam dos cofres federais. Contudo, mesmo com a previsão de verbas federais, o dinheiro de Caixa e BNDES nunca apareceu em Fortaleza.

Diante do imbróglio, o Ministério das Cidades não liberou dinheiro. Primeiro, devido a pendências contratuais que o governo do estado precisava superar. Solucionada esta fase, em junho de 2015, a crise do consórcio já era um problema real. Novamente, os recursos não saíram.

Para o ministério, “o empreendimento possui problemas relacionados à licitação e à composição do consórcio executor, que estão sob análise do TCU e do Ministério Público Federal (MPF), razão pela qual nenhum recurso pôde ser liberado”. Segundo a pasta, o problema da licitação foi ter sido feita antes da assinatura dos Termos de Compromisso do Ceará com a União, o que é caracterizado como licitação pretérita, não recomendada pelo TCU.

PRAZO DE 2019 É CONSIDERADO INEXEQUÍVEL

Excluída do consórcio, a Cetenco contratou um parecer de peso para questionar o processo. Coube à ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon indicar irregularidades na ação, inclusive em decisões da Justiça local. Para ela, “a administração descumpriu as regras do edital, do contrato e da Lei de Licitações, ao tempo em que também afrontou princípios constitucionais”.

“O procedimento do estado do Ceará, pelos seus prepostos, terminaram por beneficiar e direcionar a licitação em favor da empresa. Agiram as partes que hoje formam o Consórcio Linha Leste Fortaleza, juntamente com a Seinfra, atropelando as regras do edital, do contrato e até do instrumento que levou à formação do Consórcio Cetenco-Acciona”, escreveu a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça.

A Marquise informa que foi convidada pela empresa detentora do contrato, aceitou compor o consórcio e destaca que a nova composição foi referendada pelo TCU. A Acciona não comenta contratos com clientes, mas informa que a Cetenco pediu rescisão do contrato administrativo. A espanhola informa que recebeu a Marquise no consórcio porque “havia a necessidade de ter uma empresa brasileira líder no consórcio, conforme estabelece a Lei 8.666/93”. O Congresso debate uma reforma na lei das licitações, a própria 8.666/93.

O governo cearense afirma que realiza o replanejamento para a retomada da obra, com novo cronograma e prazos. Segundo o ministério, o cronograma depende de aprovação das instituições envolvidas (Caixa e BNDES), que aguardam posicionamento conclusivo do TCU e MPF para continuidade das análises. Tudo indica que a retomada será lenta. O consórcio precisa elaborar um inventário sobre cada trecho da obra para que possam ser avaliados possíveis danos durante a paralisação. A área técnica do Tribunal de Contas do Estado vê o prazo, de entrega em setembro de 2019, como “inexequível”.

*Enviada especial

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/economia/apos-tres-anos-so-1-da-linha-leste-do-metro-de-fortaleza-esta-pronto-20419869#ixzz4PHkSnhbb 
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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

TCU e as obras do metrô de Fortaleza

18/08/2016 - Uol/ Jota

Por decisão unânime, os ministros do Tribunal de Contas da União determinaram que a Caixa, o Ministério das Cidades e o governo do Ceará se manifestem sobre problemas técnicos e a falta de recursos para dar andamentos as obras do metrô de Fortaleza (CE), que estão paradas desde 2014.

Lançado pela presidente Dilma Rousseff, o projeto não saiu do papel, pois os R$ 2 bilhões prometidos pelo Governo Federal não foram liberados. As obras resultaram num imbróglio jurídico com a principal empreiteira, a Cetenco, já tendo pedido pra sair do empreendimento.

A decisão do TCU dá prazo para que a Secretaria de Infraestrutura do Ceará explique possíveis irregularidades e para que a Caixa e o Ministérios das Cidades se manifestem sobre:

1) indisponibilidade de recursos para a obra em comento frente aos contingenciamentos anunciados pelo Governo Federal que poderão ensejar a determinação de sustação dos efeitos da autorização de início de obra dado pela Caixa no âmbito do termo de compromisso 0409099-31/2013 /MINISTÉRIO DAS CIDADES/CAIXA e do condicionamento de nova autorização de início de obra à real disponibilidade de recursos após findo os contingenciamentos definidos pelo governo federal;

2) justificativas para recepção da licitação pretérita, que não atendia aos ditames do Acórdão 2.099/2011-TCU-Plenário, que poderá resultar na anulação da autorização de início de objeto dada pela Caixa;

3) inviabilidade da solução de Parceria Público Privada verificada no PMI que poderá ensejar a suspensão do atual termo de compromisso para construção da linha leste do metrô de Fortaleza até que todas as questões relacionadas de viabilidade de operação estejam superadas ou sobre eventuais soluções alternativas que assegurem a futura funcionalidade da Linha Leste do Metrô de Fortaleza/CE.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Metrofor inicia operação experimental do VLT Parangaba Mucuripe

30/09/2016 - ANPTrilhos

O Governo do Ceará realizou, na manhã de terça-feira (27), a primeira operação experimental do trecho 2 do Veículo Leve Sobre Trilhos, entre as estações Montese e Borges de Melo, em Fortaleza. A medida é uma etapa no processo de implantação do ramal Parangaba-Mucuripe, realizado pela Cia. Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), empresa vinculada à Secretaria das Cidades.

Durante o evento, O presidente da Metrofor, Eduardo Hotz, explicou detalhes da fase operacional: “Essa etapa tem o objetivo de treinar nosso pessoal, fechar um plano operacional, observar as passagens de nível e se for preciso fazer algumas adequações”, afirmou o gestor. “O importante é que desde já se comece a perceber a importância desse equipamento e desse momento. Com essa fase experimental, nós poderemos antecipar a necessidade de adequações e com isso ganhar tempo”, completou.

A operação experimental do trecho 2 se estende por 3,6 quilômetros, o que equivale a 70% do percurso e 30% de toda a obra do modal. A operação, inicialmente, está sendo realizada sem passageiros, de segunda a sexta-feira, das 10 às 11h, com previsão inicial de quatro viagens por dia.

O secretário da Infraestrutura, André Facó, destacou a economia de tempo que o VLT deve oferecer à população. “Só para se ter uma ideia, se nós nos deslocarmos da estação do Montese ao da Borges de Melo de ônibus, por exemplo, teremos um tempo de deslocamento entre 20 e 30 minutos. Quando tivermos essa composição funcionando na velocidade correta e operando de forma adequada, o trajeto se fará entre cinco e seis minutos”, disse ele. “Nessa fase experimental, estamos educando a população para a chegada deste novo modal, pois estamos passando por dentro de áreas em que anteriormente existia um fluxo de pessoas e veículos”, completou.

A aposentada Maria Rita da Silva, de 60 anos, afirmou que o VLT está valorizando o bairro Montese. “Ver esse equipamento em funcionamento é uma alegria que não cabe em mim, pois melhorou muito o bairro do Montese e tenho a certeza que vai melhorar ainda mais. O VLT está valorizando nosso bairro, além de ter mobilidade de chegar mais rápido nos outros lugares. Não tínhamos nada parecido assim e já estamos ansiosos para que comece logo a funcionar”, disse a aposentada.

Já o comerciante Fernando Damasceno, de 51 anos, aposta no aumento das vendas com a chegada do transporte. “Estou feliz com a conclusão e a chegada do VLT. A obra já está transformando nosso bairro. Para mim, a inclusão dessa obra só vai trazer mais renda para o meu comércio, pois poderei vender para mais pessoas,” ressaltou.

SOBRE O VLT

Executadas pela Secretaria da Infraestrutura (Seinfra), as obras de construção do VLT seguem com cerca de 60% de execução. Os trabalhos foram retomados em julho de 2015, pelo trecho 3, que compreende o percurso entre as estações Iate e Borges de Melo. Quando concluído, o ramal terá 13,4 quilômetros ligando os bairros Mucuripe e Parangaba. Desta extensão, serão 12 quilômetros em superfície e 1,4 quilômetro em trechos elevados. O projeto do Governo do Ceará visa à remodelação do ramal ferroviário Parangaba-Mucuripe, hoje utilizado para transporte de carga. O ramal atravessa 22 bairros, área que concentra mais de 500 mil moradores de Fortaleza. A previsão de demanda potencial do novo modal é de 90.000 passageiros por dia. O projeto prevê a construção de três tipologias de estação: a estação Parangaba será elevada, possibilitando a total integração à Linha Sul do Metrô de Fortaleza e ao terminal rodoviário do bairro. A estação Papicu também será diferenciada e se integrará à Linha Leste do Metrô e o terminal rodoviário. As oito estações restantes terão a modelagem padronizada.

Hotsite do VLT

Para manter os cidadãos informados sobre a obra do VLT Parangaba-Mucuripe, a Seinfra criou um hotsite que reúne várias informações do projeto. Disponível na página da Secretaria na internet (www.seinfra.ce.gov.br), a ferramenta explica o que é e como vai funcionar o VLT, disponibiliza o andamento das estações e como ocorrem as desapropriações, além de apresentar fotos das obras e o mapa do VLT. O hotsite funciona ainda como um canal direto de comunicação com a população. O cidadão pode tirar dúvidas ou ter mais informações entrando em contato por e-mail ou pela Ouvidoria.

terça-feira, 12 de julho de 2016

Tatuzões do metrô de Fortaleza se deterioram sem manutenção

12/07/2016 - G1 CE

Informações da TV Verdes Mares

Máquinas estão sem manutenção há mais de um ano. 

Governo diz que consórcio espera manifestação dos órgãos de controle.

O Ministério Público Federal (MPF) investiga a situação das tuneladoras, equipamentos adquiridos pelo Governo do Ceará para a obra da Linha Leste do Metrô de Fortaleza. As máquinas não chegaram a ser montadas, seguem sem manutenção, e estão enferrujando, expostas ao sol e à chuva. A obra se arrasta há dois anos e meio, e o governo já gastou mais de R$ 100 milhões com equipamentos. Enquanto não é resolvido o impasse no consórcio, a população fica sem prazo para a conclusão da obra.

Pelo menos dois pontos da cidade chegaram a sofrer alterações no trânsito por causa das obras. Mas por trás dos tapumes, montados, por exemplo, na Avenida Washington Soares, se vê que quase nada foi feito da obra de mais de R$ 2 bilhões. Ali, nenhum centímetro chegou a ser perfurado pra instalação dos túneis do metrô.

Isso depende do trabalho das tuneladoras, apelidadas de "tatuzões", máquinas gigantes que, além de cavar, instalam anéis de concreto para sustentação dos túneis. Mesmo com consórcio responsável pela obra, o Governo do Ceará comprou quatro equipamentos desses em 2012 por R$ 138 milhões.

Empresa cobra US$ 9 milhões do CE por tatuzões; Estado contesta dívida

MPF-CE recomenda que construtora seja afastada das obras do metrô

Obra do VLT no Ceará será retomada integralmente, diz Seinfra

Será necessário investir mais R$ 85 milhões em geradores de energia, para fazer os tatuzões funcionarem. Enquanto isso, os tatuzões nem chegaram a ser montados. As peças expostas à chuva e ao sol estão enferrujadas em um terreno em Fortaleza, próximo à Praça da Estação, no Centro.

Há quase um ano e meio as máquinas estão sem manutenção. A empresa que fazia o serviço disse que tomou calote no governo de mais de U$ 9 milhões. "Tá com mais de ano que a gente tem observado, a gente trabalha aqui ao lado, não vem ninguém", conta o síndico José Eumênio.
"Se a manutenção tinha que ser mensal e não foi feita, compromete o funcionamento do equipamento, vindo até a falhar ou ter um prejuízo bem maior", argumenta o professor Engenharia Mecânica, Roberto Bezerra.

Obra na mira do MPF

A compra e a falta de manutenção dos tatuzões já estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal (MPF). "Isso pode ter resultado em dispêndio de recursos federais, sem a utilização efetiva do equipamento. O custo da utilização do equipamento deveria ter sido repassado para as empresas contratadas, mas não foi isso que aconteceu", diz o procurador da República, Alessander Sales.
Depois de dois anos e meio de espera, a população ainda não sabe quando vai poder utilizar o metrô que já levou tanto dinheiro.

A Secretaria da Infraestrutura do Ceará disse que o consórcio teve que ser trocado depois de um desentendimento entre as empresas. O Governo diz que o novo consórcio espera manifestação dos órgãos de controle para retomar a obra.


terça-feira, 31 de maio de 2016

VLT de Fortaleza começa operação em setembro

31/05/2016 - Diário do Nordeste

As obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em Fortaleza, que se estendem por 13,4 km - e quando pronto ligará a Parangaba ao Mucuripe - estão com 60% de conclusão. Os trabalhos foram retomados em julho de 2015, após terem parado por um ano. Com o reinício, o percurso foi dividido em três áreas. Ontem, o governador Camilo Santana visitou a obra e informou que o trecho II, localizado entre a Av. Borges de Melo e a Parangaba será entregue em setembro, quando terá início a operação assistida. Porém, 40% dos processos de desapropriação ainda serão iniciados. Isto, segundo Camilo, poderá afetar este prazo.

Durante a visita realizada no canteiro de obra da Estação do Papicu, localizada nas proximidades do terminal situado no mesmo bairro, Camilo defendeu que a intervenção do VLT "é uma prioridade da atual gestão". 
O gestor acrescentou que o Governo tem feito um esforço para "mesmo com recursos próprios concluir a intervenção e realizar as desapropriações".

Conforme informado na ocasião pelo titular da Secretaria da Infraestrutura (Seinfra), André Facó, ao todo aproximadamente 3.000 famílias serão afetadas de alguma forma pelas obras do novo modal. Porém, até este mês somente cerca 1.800 famílias "já passaram por algum processo de remanejamento, seja parcial ou integral". Outras 1.200, o equivalente a 40% do total, sequer entraram em negociação.

Conflitos

O titular da Pasta e o governador voltaram a reiterar, durante a vistoria, que as desapropriações têm impactado o ritmo da obra e que o cronograma, que estima a finalização dos trabalhos até dezembro de 2017, pode ser comprometido devido à esta dificuldade. "É uma obra que temos que negociar com cada família. Temos um problema entre o Papicu e Mucuripe e outro perto da Avenida Borges de Melo, onde famílias tinham invadido, mas nesse trecho já conseguimos negociar. Em todo o processo há uma negociação permanente", ressaltou Camilo.

O titular da Seinfra informou que os "conflitos" se concentram, sobretudo, em duas grandes áreas específicas, incluídas no trecho III - que vai do Iate (no Mucuripe) até a Av. Borges de Melo. Segundo André, na comunidade do Lagamar, no bairro São João do Tauape, cerca de 600 famílias que serão afetadas ainda irão começar o processo de desapropriação. A outra área de conflito, que vai da Av. Santos Dumont à Estação Iate, segundo ele, abriga cerca de 550 famílias a serem desapropriadas.

Durante a visita, Camilo reforçou também que a intenção é inaugurar parte do equipamento - trecho II - em setembro e garantir o funcionamento do VLT como um todo até o fim de 2017. Mas, reiterou que esses prazos podem ser alterados. "Não gosto de estabelecer um cronograma porque é uma obra que não depende só da engenharia ou da construção, depende de toda essa negociação com muitas famílias ao longo de todo trecho", ponderou.

Prazos

Já o titular da Seinfra, André Facó, acrescentou que foi fixado um prazo - primeiro semestre de 2017- para a conclusão destas 1.200 desapropriações. Ele reforçou também que assim como a Linha Sul do Metrô de Fortaleza, o VLT, que cortará 22 bairros da Capital, funcionará, inicialmente, em operação assistida e, posteriormente, passará a operar de modo comercial.

Os trabalhos desenvolvidos na remodelação do ramal ferroviário, utilizado para transporte de carga, hoje, tem ritmo e características distintas em cada um dos três trechos. Nos 13,4km de extensão, as intervenções distinguem-se indo desde a limpeza de terreno para instalação de canteiros de obras até acabamentos em estações já estruturadas.

As obras do VLT começaram em abril de 2012 com previsão de término para a Copa do Mundo de 2014. No entanto, as intervenções tiveram atrasos e foram paralisadas de junho de 2014 a junho de 2015. Segundo o Estado, devido ao descumprimento dos termos do contrato, a gestão teve que romper com o consórcio anterior e abrir um novo processo licitatório em abril do ano passado. O custo total dos três trechos, divulgados, atualmente, pelo Governo do Estado do Ceará, é de R$ 151,2 milhões. Estes recursos são oriundos do orçamento estadual e do Governo Federal.

terça-feira, 17 de maio de 2016

Modernização de trens continua sem prazo

16/05/2016 - Diário do Nordeste

O intervalo entre os trens é variável, sendo o menor tempo de espera 30 minutos e o maior 1h30. Nas estações da Linha Oeste do Metrô de Fortaleza - que apesar do nome usa quatro trens movidos a diesel - os passageiros sabem decorado os horários. No meio de transporte que liga o Centro da Capital ao município de Caucaia, as carências são evidentes. Mas a modernização da Linha, anunciada pelo Estado e pela União em 2013, hoje, segue sem previsão de efetivação.

Linha Leste está parada desde 2015

As 10 estações que se distribuem pelos 19,5km da via Oeste são modestas e não têm sinalização eletrônica, nem sistema de bilhetagem. Há seguranças, porém alguns profissionais relataram à equipe de reportagem, na semana passada, que em determinadas paradas assaltos são corriqueiros. A tarifa é R$ 1,00 e a viagem dura 40 minutos.

No trem que move-se a 50km/h, o ajudante de restaurante Betuel Antão reclama da falta de integração. Ele utiliza o modal para ir do Araturi (em Caucaia) ao Centro de Fortaleza, de onde segue para Maracanaú, seu local de trabalho. Neste deslocamento usa a Linha Sul do metrô - detalhada pelo Diário do Nordeste em reportagem do último dia 12. "Se eu fosse pagar ônibus, eu gastaria oito reais só para ir. E isso eu uso no trem e no metrô para ir e vir. Mas poderia ter integração", diz.

Melhorias

Em dias úteis, a Linha Oeste transporta, em média, 6.318 pessoas. Mantida pelo Governo do Estado, a Linha custa R$ 1,2 milhão por mês. Para o presidente do Metrofor, Eduardo Hotz, "é um serviço pouco confortável, de qualidade inferior ao metrô, que precisa ser mudado".

A modernização anunciada em 2013 pelos governos Estadual e Federal prevê, dentre outros pontos, a eletrificação e duplicação da linha - hoje não são realizadas viagens simultâneas -, implantação de 10 trens elétricos, construção de 13 estações e a urbanização das atuais.

As intervenções têm um custo total estimado em R$ 1,2 bilhão, sendo R$ 610 mil do Orçamento Geral da União - já que a Linha foi incluída no PAC 2 da Mobilidade Urbana -, R$ 30,5 milhões do Estado e R$ 579 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Tudo agora está paralisado e incerto. Está previsto mas sem prazo para ocorrer. A União não tem condições e o Estado não pode assumir", afirma Eduardo.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Implantação de telecomunicações na Linha Sul do Metrofor chega a 61% com fibra ótica em toda a via férrea

11/05/2016 - Metrofor

Está concluída a instalação de fibra ótica por toda a extensão da Linha Sul do metrô de Fortaleza, interligando todas as estações, e que será usada para transmissão digital de dados e informações operacionais. Além disso, está finalizada a implantação de equipamentos de som, de rádio, painéis de informação, câmeras de alta resolução e monitores no trecho subterrâneo – compreendido entre as estações Benfica e Chico da Silva. Os mesmos equipamentos estão sendo instalados nas demais estações e o serviço contratado está com 61% de execução.

A fibra ótica e os equipamentos compõem o Sistema de Telecomunicações (Telecom), contratado no ano passado pela Cia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) para aprimorar a troca de informações entre os trens, estações e o Centro de Controle Operacional (CCO) da Metrofor.

Nesta quarta-feira (11/5), o secretário das Cidades do Ceará, Lucio Gomes, foi recebido pelo diretor-presidente da Metrofor, Eduardo Hotz, para uma visita técnica ao metrô de Fortaleza, em que foram apresentados os resultados destes e outros investimentos para melhoria constante dos serviços prestados à população.

“A visita de hoje teve como objetivo fazer o acompanhamento do cronograma das etapas traçadas para a implantação do sistema de telecomunicações. Pelo que foi visto, percebemos que houve avanços com a conclusão da instalação nas estações subterrâneas”, afirmou Lucio Gomes. “É uma visita fundamental para discutirmos os nossos avanços e definir os próximos passos para a conclusão desses contratos”, avaliou Eduardo Hotz. O diretor de implantação da Metrofor, João Menescal, e o secretário adjunto da Secretaria das Cidades, Quintino Vieira, participaram da visita.

Telecom

O sistema de telecomunicações será usado para divulgar informações úteis aos passageiros, como por exemplo, as regras de embarque no metrô, campanhas institucionais, previsão de horários do próximo metrô e eventualidades. Nas estações subterrâneas, os equipamentos já funcionam experimentalmente.

O Telecom também inclui a implantação de um sistema de cronometria, que será responsável por acompanhar com exatidão o tempo de deslocamento de cada trem, fornecendo informações para o relógio de cada estação da Linha Sul. A cronometria é o que garante que todas as áreas do metrô funcionem de forma sincronizada.

Os avanços na implantação do Telecom também representam melhoria da comunicação entre os profissionais metroviários, envolvendo as áreas de manutenção, operação e segurança. Agora, o sistema de rádio usado nesta finalidade possui quatro frequências distintas, com transmissão digital e maior estabilidade e qualidade do áudio. Funcionários já recebem equipamentos portáveis e treinamento para uso da nova ferramenta de comunicação.

Linha Sul tem investimento de R$ 163,5 milhões

Acompanhado dos gestores da Metrofor, o secretário das Cidades, Lucio Gomes, visitou nesta quarta-feira (11/5) a sala de treinamento do sistema de bilhetagem eletrônica – lugar onde os profissionais das bilheterias aprendem a usar o sistema informatizado que está em fase de implantação, com 81% de execução.

O sistema de bilhetagem eletrônica vai realizar o embarque no metrô por meio de catracas eletrônicas, e o uso de cartão magnético, que poderá ser recarregado pelos usuários. Todas as 18 estações em funcionamento na linha Sul receberam as catracas eletrônicas e, no momento, está em fase de contratação a confecção dos cartões magnéticos.

Lucio também visitou o Centro de Controle Operacional (CCO), que está recebendo os primeiros equipamentos que fazem parte do sistema de sinalização e controle, contratado no ano passado.

Juntos, os sistemas de bilhetagem eletrônica, sinalização e controle e telecomunicações representam um investimento de cerca de 163.5 milhões, e resultarão na automatização da operação metroviária, informatização da bilheteria e melhor disponibilidade de informações operacionais para os usuários do metrô.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Metrofor: reajuste de tarifa da Linha Sul vale a partir de 1º de abril

24/03/2016 - Governo do Estado do Ceará

A Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos comunicou o reajuste na tarifa para viagens na Linha Sul do metrô de Fortaleza. O novo valor é de R$ 2,85, com vigência a partir do dia 1º de abril. A meia passagem para estudantes passa a ser R$ 1,40, valendo a partir da mesma data. Ficam asseguradas todas as gratuidades previstas na legislação.

quinta-feira, 3 de março de 2016

VLT de Fortaleza: de volta aos trilhos



02/03/2016 – Diário do Nordeste

O Governo do Ceará vai pôr, de novo, mãos à obra no projeto do Veículo Leve sobre Trilhos de Fortaleza.

A Secretaria da Infraestrutura anunciou hoje que retomará os serviços ainda este mês – e integralmente. A licitação da passagem inferior da avenida Borges de Melo já foi concluída e a expectativa é que o contrato com a empreiteira vencedora do processo seja assinado na próxima semana.

A seguir, informações da assessoria de Imprensa da Seinfra:

O trecho era o último que faltava para a retomada total da construção do ramal Parangaba-Mucuripe, a ser operado por Veículo Leve sobre Trilhos. A passagem inferior corresponde ao trecho 1 da obra, que foi dividida em três. O trecho 3, que compreende o percurso entre as estações Iate e Borges de Melo, foi o primeiro a ser retomado, em julho de 2015. Logo em seguida, foram iniciados os trabalhos no trecho 2, que fica entre as estações Borges de Melo e Parangaba.

Os trabalhos referentes ao trecho 1 também ficarão a cargo do Consórcio VLT Fortaleza – formado pela empresa espanhola AZVI S.A. do Brasil e pela brasileira Construtora e Incorporadora Squadro Ltda. Este trecho custará R$ 25.957.15,02 e deve ficar pronto em 12 meses, contados a partir da data de assinatura da ordem de serviço.

Atualmente o VLT está com mais de 50% de avanço nas obras e, quando concluído, terá 12,7 quilômetros ligando o os bairros Mucuripe e Parangaba. Desta extensão, serão 11,3 quilômetros em superfície e 1,4 quilômetros de trechos elevados. O projeto do Governo do Estado visa a remodelação do ramal ferroviário Parangaba-Mucuripe, hoje utilizado para transporte de carga, objetivando a utilização do mesmo para transporte de passageiros.

O Ramal atravessa 22 bairros, área que concentra mais de 500 mil moradores de Fortaleza. A previsão de demanda potencial do novo modal é de 90 mil passageiros por dia. O projeto prevê a construção de três tipologias de estação: a de Parangaba será elevada, possibilitando a total integração à Linha Sul do Metrô de Fortaleza e ao terminal rodoviário do bairro. A estação Papicu também será diferenciada e se integrará à Linha Leste do Metrô e o terminal rodoviário. As oito estações restantes terão a modelagem padronizada.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

CEO da TAP visa concessão do metrô de Fortaleza

25/01/2016 – O Povo Online – Fortaleza/CE

Um empresário que não tem medo de desafios. Este é o perfil de Humberto Pedrosa, que desde os 20 anos está na linha de frente do grupo Barraqueiro, hoje, o maior grupo de transporte de passageiros da Península Ibérica. Há dois meses, juntou ao leque de atuação, que inclui empresas de transporte rodoviário, metroviário e ferroviário, também a aviação. Junto com David Neeleman, adquiriu, em junho de 2015, a TAP – empresa portuguesa que reunia à época dívidas de mais de um bilhão de euros. Mas continua de olho em novas empreitadas. E o mercado brasileiro está neste raio de ação. O empresário está de olho em tudo que possa aparecer em concessões nas áreas ferroviária e metroviária, inclusive o metrô de Fortaleza.

Isso porque, mesmo considerando que o Brasil vive um momento difícil para novos investimentos, ele vem prospectando novos negócios na área de transporte. Além de Manaus, onde já possui uma empresa de ônibus urbano, está acompanhando de perto as movimentações em torno de possíveis concessão e licitações na área de transporte.

Para entrar no mercado brasileiro, Pedrosa optou por buscar um parceiro com quem já tenha uma boa relação. O escolhido foi o empresário e ex-deputado Chiquinho Feitosa, cuja parceria já dura cinco anos.

Em entrevista ao O POVO, ele fala sobre os desafios de investir no setor do transporte e também sobre a TAP. O CEO da companhia afirma que a prioridade agora é renovar a frota, mas a expansão de rotas continua nos planos.

O POVO – A sociedade que o senhor tem no Brasil é basicamente em Manaus?
Humberto Pedrosa – A empresa que temos em Manaus é de linhas urbanas. É uma empresa com cem ônibus, mas a nossa intenção na criação da sociedade com Francisco Feitosa é para investimentos feitos no Brasil dentro da área de transportes. Nós temos experiência em trem. Somos a única empresa ibérica privada, que faz operação de trens e metrô. Somos os operadores de metrô do Porto, do metrô no sul de Lisboa, e de uma linha suburbana de trem, que se chama Fertagus.

OP – Em Fortaleza, o interesse seria nesta linha de trens?
Humberto – Fortaleza, e no Brasil, tudo que o que possa aparecer de concessões na área ferroviária e na metroviária, temos interesse porque temos experiência neste setor.

OP – Mas já tem alguma coisa mais concreta?
Humberto – Estamos esperando que saiam licitações para poder concorrer.

OP – E por que Fortaleza?
Humberto – O mercado de Fortaleza é interessante porque é a rota mais perto de Lisboa, em termos de transporte. Hoje Fortaleza-Lisboa são 6h30min de voo, isso é interessante. E, por outro lado, não queríamos estar sozinhos. Não conhecemos bem o País, as regras, a legislação e etc. Então, conheci o senhor Francisco Feitosa e achei que seria um bom parceiro. Estamos muito satisfeitos. Agora estamos aguardando oportunidades de licitações. Estamos esperando pelo metrô aqui de Fortaleza, se houver licitação e que possa ser operado por uma operadora privada.

OP – O senhor já viu alguma sinalização do Governo disso?
Humberto – Não. O governador anterior (Cid Gomes) visitou há dois ou três anos as operações de trem e metrô em Lisboa. Ele gostou muito e disse que estaria interessado em fazer esta licitação. Ou seja: que a operação fosse feita pelo setor privado. Mas depois não tivemos mais nenhuma indicação de interesse da parte do governador do Ceará. Passadas as eleições, o governador é outro. Eu vou me colocar à disposição do governador, se quiserem visitar as operações que nós fazemos em Portugal. Pode ser interessante.

OP – E a parte de transporte urbano, de ônibus, vocês também têm interesse em expandir?
Humberto – Tenho. Tudo na área de transporte nós temos interesse.

OP – Como avalia o mercado hoje para este tipo de investimento? O senhor considera o Brasil um país de risco ou um país interessante?
Humberto – Acho que no mercado brasileiro o investimento não está fácil. A rentabilidade baixou muito. É preciso confiança para investir. Por outro lado, a área do transporte, principalmente, no transporte urbano, tem sido muito difícil, porque é uma tarifa que pertence à Prefeitura definir. É uma tarifa política. Os custos sobem todo ano: salário, combustível, inflação, etc. E, muitas vezes, passa o ano e não há aumento tarifário e as empresas estão sofrendo. Eu acho que o Governo e as prefeituras têm que ter muita atenção. Não quero dizer que eu esteja desmotivado para investir. Estou motivado porque o transporte público é um bem necessário, é o que dá mobilidade às pessoas. O período é muito difícil, as empresas não estão tendo capacidade para investimento. Isto é ruim, mas será passageiro.

OP – Como o senhor vê Fortaleza em relação a Manaus?
Humberto – Eu vejo Fortaleza um pouco melhor. Houve agora um aumento tarifário e melhorou um pouco, mas a rentabilidade das empresas também é muito baixa.

OP – Qual a média de rentabilidade das empresas hoje?
Humberto – A rentabilidade das empresas, no ano passado, rondava uns 15%. Mas uma empresa de transporte é uma empresa de investimentos anuais intensivos. Tem que renovar a frota todos os anos e se não libertar fundos para fazer investimentos, a frota vai envelhecendo, os custos de manutenção aumentam e aí chega a um ponto que não dá para continuar.

OP – O senhor afirmou que a rentabilidade das empresas no Brasil é de 15%. E em Portugal?
Humberto – Em Portugal a rentabilidade é de aproximadamente 25%. As empresas de transportes têm que ter esta rentabilidade para o investimento intensivo. O preço dos ônibus está muito caro e para uma empresa manter uma idade média aceitável há necessidade de investir todos os anos.

OP – Esta seria a média ideal?
Humberto – Sim, seria o mínimo necessário para manter a empresa numa idade média aceitável, renovando sua frota e dando qualidade para o transporte.

OP – Como o senhor vê a frota hoje no Brasil?
Humberto – A frota está envelhecida. Mas o que é grave é que as empresas não têm capacidade para fazer mais investimentos.

OP- O que seria necessário para manter os investimentos?
Humberto – Há muito transporte aqui no Brasil que é gratuito, mas deveria ser uma responsabilidade dos governos. Na Europa, o preço dos transportes é diferenciado. Reformado (aposentado), pensionista, crianças, estudantes, etc, só pagam 25% da tarifa, mas a diferença é subsidiada pelo Governo. Há necessidade de priorizar mais o transporte de qualidade, mas é necessário que as empresas tenham rentabilidade para melhorar a frota. Tem que haver alguma atenção do Governo em criar estas condições. Cabe ao Estado a parte social, não cabe às empresas.

OP – Qual a média de lucro das empresas?
Humberto – Nas empresas de transporte, o lucro é bastante reduzido por causa da exigência de investimento. Alguns anos atrás, as empresas foram bastante rentáveis. Hoje não, porque a tarifa não é suficiente para fazer frente aos custos.

OP- O senhor assumiu recentemente a TAP. Quais são os projetos da companhia?
Humberto – Passam, em primeiro lugar, pela renovação da frota. A TAP tem hoje uma frota bastante envelhecida. E procurarmos novas rotas, novos mercados.

OP- O senhor tem projetos para ampliar rotas daqui de Fortaleza para Portugal?
Humberto – Fortaleza já tem um voo diário para Portugal e é uma boa rota, com bom movimento.

OP- Como o senhor analisa a disputa por um hub?
Humberto – Um hub tem que ser analisado. Nós estamos na TAP somente há dois meses. Por isso, estamos, neste momento, em fase de análise profunda; ver as rotas que são mais deficitárias que outras; fazendo levantamento de mercado; queremos, em junho, renovar frota de pequeno curso e de médio curso. Estamos apenas começando.

OP – Como é uma gestão compartilhada com o Estado? Como acontece em Portugal?
Humberto – A TAP privatizou 61% da TAP. Entretanto, mudou o Governo, e este novo quer que o Estado fique com a maioria do capital. Estamos negociando com o Governo e, seguramente, vamos chegar a um entendimento para um bom futuro da TAP.

OP – A TAP desativou algumas linhas em Portugal e, inclusive, rotas para Barcelona, Bruxelas, Milão e, aqui, desativou também uma linha de Manaus para Lisboa…
Humberto – Não podemos considerar bem uma desativação o que aconteceu em algumas linhas na Europa. Foram linhas que saíam da cidade do Porto, que não tinham um movimento suficiente e, na Europa, as companhias de bandeira têm tido muita dificuldade de concorrer e fazer face à low cost (empresas de baixo custo), que apresentam tarifas reduzidas. Por isso, há algumas linhas na Europa que vamos suspender no Porto. Mas, em Lisboa, continuamos com as mesmas rotas e, em alguns casos, vamos até aumentar. Em Manaus estamos analisando se vamos fazer ligação com a Azul. Vamos fazer Lisboa-Belém e, em Belém, liga para Manaus com a Azul. Aliás, hoje Manaus é direto Lisboa-Manaus, mas não é direto Manaus-Lisboa, tem parada em Belém. Todos os voos que são triangulares têm um custo enorme. O ideal é fazer com ligação à outra companhia, o que será feito com a Azul.

OP – Tem prazo para estas mudanças ocorrerem?
Humberto – O que temos mais próximo é o levantamento das linhas que dão mais prejuízos à companhia. Não queremos fechar linhas de jeito nenhum, não vamos fechar e pode ter situações que sejam passageiras.

OP – A Azul tem um parceiro chinês que é a HNA Group com 23,7% de participação. Existe a possibilidade de se criar rotas Brasil- Portugal-China?
Humberto – Existe uma grande possibilidade. Não tem nada concreto, mas temos uma boa equipe estudando tudo que é possível de expansão para TAP. O Brasil é um grande mercado.

OP- Qual o peso do mercado do Nordeste do Brasil?
Humberto – O mercado do Nordeste é bem interessante porque tem um clima muito bom e está muito perto da Europa. Um voo para Europa é de seis horas e meia a sete horas, no máximo. Se formos para o Rio de Janeiro, vamos falar em nove horas. Aliás, uma das razões da boa ocupação dos voos é a proximidade que existe.

OP – Tem previsão de expansão dos voos pra cá?

Humberto – Estamos a ver onde é que conseguimos crescer. Estamos estudando com os hotéis em Lisboa para que um brasileiro que queira ir à Europa, antes de ir a Paris, por exemplo, possa passar dois dias em Lisboa a custo zero.